domingo, 30 de março de 2008

A verdade às vezes dói


Ultimamente tenho percebido o quanto evitamos enxergar certas verdades. Fazemos isso quase como por instinto de defesa, mas na verdade acho que só adiamos certos enfrentamentos que mais cedo ou mais tarde se colocarão bem na frente dos nossos olhos.

Uma dessas verdades é: somos indivíduos. Isso quer dizer, somos responsáveis por nosso próprio destino, nascemos e morremos sozinhos e respondemos por nossas escolhas. Não estamos sozinhos, nunca. Mas a experiência, qualquer que seja ela, só pode ser sentida por nós, vivenciada em momentos únicos que ninguém nunca saberá como são ou sentirá da mesma maneira.

Certo tipo de ignorância nos faz sentirmos menos culpados ou mais confortáveis. Pois quanto mais conhecimentos, mais responsabilidades ganhamos (já dizia o homem-aranha..rsrs). Então, a maioria das pessoas prefere pensar que vive em um mundo inatingível, como se não houvesse nada depois disso aqui e além desse planetinha. A maioria de nós, inclusive, prefere pensar até mesmo que viverá para sempre, só para não enfrentar a realidade da morte. Muitas vezes esse comportamento é até o que mantém a saúde mental dessas pessoas. Talvez, elas não resistissem conviver com a idéia de que um dia deixarão de existir nessa forma que hoje conhecem. É duro aceitar isso, não?

No fundo, eu tenho a impressão de que todos sabem ou sentem uma verdade, mas jogam para debaixo do tapete, deixam para amanhã.
Acho que elas pensam: “Ah, deixa para lá... se for verdade mesmo um dia saberei...”.
A grande tática é colocar uma pedra sobre o assunto que só será retirada quando algo grave acontecer e essa realidade vir à tona. É assim com tudo, em diversos níveis.

Por exemplo: o cara fuma, bebe muito, usa drogas e pensa: “não acontecerá nada comigo. Eu gosto e daí? Se cigarro der câncer mesmo, um dia eu descubro. Tanta gente nem fuma e tem câncer!” Ele finge que não sabe ou que acredita que não está fazendo mal para si mesmo, só para se sentir confortável. E esse exemplo pode ser usado para tudo, para quem come demais, para quem come de menos, para quem adora açúcar, para quem cultiva maus pensamentos, para quem se omite, para quem não se deixa libertar por puro medo. Não entendam meus exemplos ao pé da letra, eles servem só para ajudar a entender esse mecanismo.

Isso serve para tudo na vida. Somos os primeiros a levantar a mão e reclamar de tantas coisas. Mas não somos capazes de assumir a nossa culpa nisso tudo.

Reclamamos do país, mas não fazemos nada para melhorá-lo. (“É tudo culpa do governo!”) Vemos pobreza pelas ruas e não fazemos nada para modificar esse quadro. (“É tudo culpa do governo!”) Vemos coisas erradas desde o aspecto mais amplo (“O mundo está uma droga..olha quanta guerra!”) até o mais micro (“Meu chefe me explora!”, “Meu marido não presta pra nada”). E temos sempre um culpado seja ele Deus, o Presidente ou o Presidente da empresa. A culpa é sempre de algo que está acima de nós e que não resolve nada. Existe sempre alguém que é o responsável. Quando, na verdade, somos nós o espelho maior dessa atitude. Somos egoístas e não trabalhamos pelo bem comum, nunca. Trabalhamos apenas por nós mesmos, pensamos apenas em nossos umbigos, olhando sempre para nossas vontades. E ainda assim, queremos que o mundo melhore, que nossa vida melhore e que sejamos pessoas melhores... sem fazer absolutamente nada para isso.

Não esperemos uma ordem divina ou uma força maior nos mostrar o caminho! Nós, cada um de nós, é importante para uma mudança de postura, para que as coisas funcionem e para que esse seja um mundo mais justo e feliz. Só depende de nós e de mais ninguém.

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