domingo, 11 de abril de 2010

Mentes vazias, lugares cheios, pessoas que falam sem parar, coisas que não interessam.

Não ao menos no momento, afinal, o que quero está longe demais para tocar com minhas mãos por mais que possa tocar com meus sentimentos. Seria bom se pudéssemos sentir com o corpo os sentimentos, já que eles viajam muito, digamos por léguas e podem, sim, ser percebidos pela parte receptora. Aliás, porque o físico importa tanto? O toque, o cheiro, o olhar, a respiração… por que marcam tanto? Não sei, só sei que é!

Estas coisas me fazem ficar pensando por horas, como seria se fosse diferente, se o teletransporte existisse, se atrás de minha casa tivesse um portal que me levasse para onde meu pensamento quisesse. Eu poderia até prometer não ser tão abusada, e impor limites para as minhas viagens, afinal, me satisfaço com as coisas simples da vida e não peço muito.

Mas porque será que meu coração é tão doido? Por que ele quer só aquilo que eu não posso ter? Não que não possa, mas ao menos agora, não dá. Minha razão entende que não dá, mas meu doido coração não quer entender e se mói por dentro, com sentimento demais, com desejos demais, com vontades demais, com loucuras demais porque ele é intenso em tudo, sempre se expõe ao máximo em tudo que sente, se entrega a um simples gesto de bem querer.

Há quem pergunte porque és tão fechada e não permite que as pessoas cheguem a ti?

Talvez por meu tolo coração ser tão mole a certos gestos. Sem uma carapaça não agüentaria a diversas desilusões. E falando nisto, desilusão é algo que magoa mais que outra coisa, justificativas sem fundo, sim, sem fundo mesmo, ou seja não se entende o porquê, mas temos que aceitar principalmente em se tratando de pessoas porque todas são livres e fazem o que bem entendem. Há quem faça várias peripécias pra conseguir o que quer, e esquece que seu limite termina onde começa o do outro.

Não perco a esperança em uma frase: o que é de cada um está guardado.

Eu acredito, às vezes, até dependendo das circunstâncias desacredito, mas no fundo sei que é assim. Embora eu ache que está demorando pra encontrar o que me pertence, eu quero, e vou encontrar nem que eu tenha que voar muito mesmo não sendo em sonhos para buscar. Eu quero, acredito e vou tê-lo.

O que me encomoda às vezes é o novo. Na verdade nunca gostei muito. Mas às vezes é bom, e por conseqüência dá medo. Medo da rejeição, medo de um novo “não”, medo do desconhecido, medo de mim mesma, medo do que está por vir, medo.

Só que se for assim, não vou me permitir a nada.

E quero encontrar o que é meu de direito, e pra isso preciso me permitir.

Entre caminhos, encontro uma razão pra viver de vez em quando.

Me faço de vítima, de mulher, de amante, de errante… Já me transformei em mil por você. Já busquei novas opções sem você. E em algumas delas me encontrei. Já fui menos eu e me senti vazia por isso.

Posso ser qualquer pessoa que eu desejar, basta eu me entregar ao momento. Mas o que me persegue é que eu só consigo ser eu se eu for inteira. Não sei como amar um pouco, sofrer às vezes, chorar quando dá vontade. Só sei amar por inteira, me entregar aos sentimentos, me inebriar com um sorriso, com um olhar, chorar com a alma.

Já me apaixonei por algumas horas, e depois percebi que tinha sido uma ilusão. Já quis que meus sonhos fossem verdade, como todo mundo, mas a minha diferença está na intensidade. Já desejei até que os desejos dos outros que me cercam acontecessem pra sentir a felicidade através deles.

Já me senti muito sozinha mesmo tendo alguém ao meu lado. Já tentei ser menos, mas não dá. Já culpei muitas pessoas pelo meu sofrimento, e não me acho tão errada por isso, sou humana, e a fraqueza às vezes precisa procurar a culpa no outro porque se for em você mesmo, você desaba.

Já chorei tanto que uma parte do amor foi embora. Meu sofrimento dura dois dias. É uma meta que coloquei em minha vida. Ninguém vale mais que dois dias de dor.

Já tentei me focar só em mim, quando meu foco era só você. Já me senti dividida, já tive que me dividir e já dividi alguém com a vida.

Sou meio egoísta com as pessoas que amo. Acho que o amor é algo individual demais, muito subjetivo pra tentar entender como se ama de verdade.

sozinhoO coração é fraco demais pra enfrentar as dores da vida.

A razão nos impõe um bem maior. Mesmo que doa muito agora, daqui dois dias começa a fazer sentido.

Meu maior defeito pode ser o querer exacerbado, ou o amor exagerado, mas minha maior virtude é me entregar por inteiro e nunca ter pedido pra ninguém ir embora pra sempre, porque uma vez que você tire alguém da sua vida pode ser, que por alguma razão, ela nunca mais volte. E aí sim surge o pior sentimento que alguém pode carregar: o arrependimento, e junto com ele a solidão.

O que dói não é ter que reinventar o futuro ou desistir do passado. Dói é ter que arrancar cada plano de dentro de nós. Dói ter que mudar o nome dos sonhos. Dói ser obrigado a assistir o tempo passar porque não nos resta mais nada a fazer. E embora achemos que esse amor esteja conosco desde sempre, não nascemos amando. E por mais que nunca amemos igual em nossas vidas, a dor de hoje vai se transformar em saudades. Mas não naquelas saudades que cortam e sangram, mas em uma saudade branca e boa de sentir. A saudade dos sonhos irrealizados, não porque as coisas deram errado, mas porque a vida tomou outro rumo. Então, caso esse amor não seja soterrado por um ainda maior (porque algumas paixões ressoam sempre dentro da gente e isso não nos impede de amar outra vez) vamos nos lembrar dele como um capítulo inesquecível de nossas vidas. Talvez o mais brilhante deles. E vamos colocá-lo na mesma prateleira dos nossos desejos de infância e dos nossos sonhos que ficaram para a outra vida. Porque não é vergonha nenhuma deixar algumas pontas soltas. Vergonha é desistir de atá-las algum dia.